terça-feira, 14 de julho de 2009

Enquanto andava pelo centro vazio, subindo e descendo, enlouquecendo, ela de repente apareceu, agarrou-me pelos braços puxando-me assim para baixo, sussurrou em meu ouvido “Você está morto.”
Bateu, ecoou, voltou
“Você está morto”
“Você está morto”
“Você está morto”
“Você está morto”
Perdendo a força até desaparecer, sua voz se foi.
Olhei-a convicto, era assustadora, era sim. Era linda, como era. Arrisquei e lhe disse “Não, eu não estou.” Não pareceu convencida. Cheguei mais perto, dessa vez quem lhe agarrara pelos braços fora eu, fixei meus olhos nos dela, ela não havia de piscar desde o momento em que se pôs como um fantasma na minha frente. Ela cheirava a outono e seu olhar nostálgico me deixava louco. Tentado a lhe morder as pequenas delicadas orelhas, como em outros tempos, sussurrei “Não, eu não estou!”
“Não, eu não estou!”
“Não, eu não estou!”
“Não, eu não estou!”
“Não, eu não estou!”
Eu pude ouvir o ecoar retumbante do meu convicto dizer. Puxei-lhe em um giro de valsa que acabou em um quente beijo, mais quente que nossos dois corpos, mais quente que jamais tínhamos sido. Disse-lhe em tom de despedida, “Não se vá, pois eu sei que se você for é para nunca mais voltar” Ela sorriu, jogou o cabelo de lado e disse “Eu me vou, mas amor, nós todos vamos, agora sei que posso te esperar” Desesperado, mas conformado lhe admirei enquanto se distanciava em luz.
 
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